segunda-feira, 30 de março de 2015

A MUDANÇA CLIMÁTICA ESTÁ AFETANDO A POLINIZAÇÃO DAS FLORES

O artigo, A mudança climática está afetando a polinização das flores, publicado pelo jornal britânico The guardian, aborda um estudo feito por Karen Robbirt em conjunto com outros cientistas, da Universidade de East Anglia. Na pesquisa, foram estudadas, em primeiro lugar, as influências do aumento de temperatura nos ciclos de vida dos insetos, sobretudo as abelhas, e o impacto dessas influências na polinização. Segundo a pesquisa, a sincronia milenar entre as flores e os insetos está sendo prejudicada devido às alterações climáticas. Para chegarem a essas conclusões, os pesquisadores analisaram tendências de longo prazo de registros históricos, começando em 1848, na Era Vitoriana. Foram comparados os dados da abelha Andrena nigroaenea e de espécimes de museus, com os do tempo da floração das orquídeas Ophrys sphegodes, além de informações climáticas.
O referido estudo utilizou as referências supracitadas para comprovar que a orquídea-aranha e a abelha-mineira, da qual depende para a reprodução, têm perdido a sincronia necessária à medida que as temperaturas globais aumentam e a primavera se torna mais quente.
Como sabemos,pequenas mudanças ecológicas podem gerar enormes impactos globais. O aumento das temperaturas pode modificar todo clima de uma região, afetar profundamente a biodiversidade e provocar desastres ambientais como temos visto atualmente. Esse aquecimento é agravado pelas ações humanas como queima de combustíveis fósseis e a utilização não sustentável dos recursos naturais, entre outras.
Reforçando o salientado anteriormente, as mudanças climáticas notoriamente alteram a vida dos seres vivos, as mesmas, entre outros distúrbios, estão causando modificações no comportamento de insetos polinizadores, foi o que os pesquisadores atestaram. Locais que satisfaziam as necessidades dos polinizadores começam a se tornar inabitáveis à medida que a temperatura aumenta ou variam muito, as chuvas tornam-se imprevisíveis e a vegetação muda prejudicando a interação entre os insetos citados e as plantas.
É sabido que insetos polinizadores como as abelhas são fundamentais para a produção de alimentos e a reprodução de plantas, ou seja, sua atividade de polinização é fundamental para a sobrevida de ecossistemas inteiros.    Sem polinizadores, a maioria das plantas nativas e das cultivadas que consumimos não sobreviveria. Entretanto, o trabalho desses polinizadores está sendo afetado pelas alterações climáticas, o fenômeno em questão está confundindo os insetos, que começam a voar nove dias mais cedo, impedindo a polinização, segundo a pesquisa. Essa confusão dos insetos pode comprometer todo o processo de polinização culminando em um desequilíbrio total nas interações entre esses seres vivos.
Além das mudanças climáticas, um mal que assola todo planeta, a pesquisa também aponta que o uso indiscriminado de pesticidas e herbicidas, também têm sua parcela de contribuição para a falta de sintonia entre os insetos polinizadores e as plantas. Esses fatores reduzem tanto o número de espécies de plantas com flor, que são fontes de alimento para os polinizadores, quanto o número de locais disponíveis para reprodução, abrigo e migração dos polinizadores. Infelizmente, além disso, o uso indiscriminado de agrotóxicos e herbicidas ameaça seriamente a vida dos polinizadores, podendo ocasionar até mesmo o desaparecimento dos mesmos.
A pesquisa em questão, destaca as mudanças climáticas como principal ameaça a polinização e ressalta ainda, se tratar de uma ameaça silenciosa, o aumento das temperaturas faz  com que a época de voo das abelhas e a época de florescimento das flores estejam fora de sincronia, afetando desse modo o importante processo de polinização e, consequentemente, o processo de produção alimentar. De acordo com Karen Robbirt, “as plantas e os seus polinizadores mostram diferentes respostas às alterações climáticas e o aquecimento vai ampliar a linha de tempo entre o voo das abelhas e o desabrochar das flores”.
Essas alterações causam danos a toda a humanidade uma vez que, tais insetos polinizadores são de suma importância para todo o ecossistema. Apesar disso, a grande maioria até mesmo de agricultores, desconhece sua importância para a existência e manutenção da vida no planeta.  A importância das abelhas vai muito além da produção de mel, própolis, cera, geleia real ou veneno. Sua principal missão é garantir alimentos para diversas espécies, inclusive, a humana. Esses pequeninos insetos são possuidores de uma enorme importância, já que três quartos de todos os produtos agrícolas que consumimos dependem da polinização, não apenas das abelhas, mas de outros insetos.
            A pesquisa comprovou o que já sabíamos há tempos. As mudanças climáticas estão alterando os ecossistemas, nesse caso afetando diretamente a polinização, podendo gerar um impacto maciço não somente natural, mas, no sistema de economia e oferta de alimentos. Esse é só mais um dos problemas gerados pelo descaso com o qual tratamos o planeta. Vemos claramente uma disparidade aqui, os dois causadores citados na pesquisa nasceram de práticas que visam o desenvolvimento econômico, e agora os mesmos aparecem como ameaça ao referido setor. Quem sabe assim o homem busque meios de diminuir as agressões.

Referências.

Climate change is disrupting flower pollination, research shows. Disponível em: <http://www.theguardian.com/environment/2014/nov/06/climate-change-is-disrupting-flower-pollination-research-shows> Acesso em: 29 de mar. 2015.
Mudanças Climáticas Globais e seus efeitos sobre a Biodiversidade. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/imprensa/_arquivos/livro%20completo.pdf> Acesso em 29 de mar. 2015
E se elas desaparecerem? Disponível em <http://www.beachco.com.br/v2/especial-abelhas-2/e-se-elas-desaparecerem.html> Acesso em 29 de mar. 2015
Polinizadores em risco de extinção são ameaça à vida do ser humano. Disponível em<http://www.mma.gov.br/informma/item/9976-polinizadores-em-risco-de-extin%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-amea%C3%A7a-%C3%A0-vida-do-ser-humano?tmpl=component&print=1> Acesso em 29 de mar. 2015