terça-feira, 12 de agosto de 2014

De Surdo para Ouvintes

Professor surdo se comunica com alunos durante aula no IFG, em Goiânia.
Em um passado recente, a cena causaria admiração e talvez certo descrédito. O que se vê, ao contrário disto, nas salas do Instituto Federal de Goiás (IFG) são alunos ouvintes em um silêncio incomum com a atenção voltada ao máximo para os constantes movimentos de mãos  do professor Luiz Pereira de França Júnior, 45 anos.  Luiz é surdo e ministra a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) no campus Goiânia. O diferencial é que todos os presentes são ouvintes e interagem com o mestre apenas pela linguagem de sinais, mantendo-se atentos às explicações do professor.
Luís que cursou Licenciatura em Letras-Libras é um professor muito dedicado que usa metodologias que assistam de forma eficaz seus alunos. De acordo com o professor, a técnica usada para ministrar as aulas faz toda a diferença para que todos possam se entender. “Utilizo bastante um projetor multimídia, pois os alunos precisam do visual para entender a linguagem de sinais. Também uso o método de perguntas e respostas, no qual o grupo interage e pode compartilhar informações. Além disso, fazemos atividades impressas, para que cada um possa, em casa, continuar os trabalhos. Se alguém tiver dúvida, uso também técnicas de soletração”, explicou Luiz.
Além de dominar a escrita muito bem, Luís consegue fazer leitura labial quando os alunos falam pausadamente e nenhuma dúvida fica sem resposta. É um professor bastante elogiado pelos alunos em geral. Luís foi alfabetizado em LIBRAS muito cedo e frequentou a escola regular.
Professor e alunos mostram sinal que representa a sigla do IFG 

Apesar das dificuldades, Luiz afirma que consegue lidar bem com as pessoas e diz que nunca foi alvo de preconceito. Segundo ele, os surdos podem atuar em qualquer profissão, desde que a audição não seja um requisito fundamental. “É preciso ter maior divulgação dos cursos para que as pessoas surdas tenham interesse e busquem a formação superior”,  acredita. Exemplos notáveis de determinação da parte do professor e de respeito por parte dos alunos.









Professor surdo ministra aulas de Libras para alunos ouvintes em Goiás. Disponível em<http://g1.globo.com/goias/noticia/2014/04/professor-surdo-ministra-aulas-de-libras-para-alunos-ouvintes-em-goias.html> Acesso em 12 de Agosto de 2014.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Faz de conta: Meio de integração


A fantasia é peça fundamental no desenvolvimento das crianças, pois, as permite entender a realidade que as cerca. Com as crianças surdas não é diferente além disso,representa sua integração no mundo das brincadeiras das crianças comuns, sem deficiência. A pedagoga Daniele Nunes Henrique Silva pesquisou o assunto e o publicou no livro Como Brincam as Crianças Surdas, da Editora Plexus. Em seu trabalho, ela ressalta a importância de se conhecer a língua dos sinais para entrar na fantasia com os amiguinhos e se igualar a eles no desenvolvimento intelectual.
Segundo Daniele “ as crianças surdas adoram brincar  muito com situações que as fazem sair da condição de surdas, como atender telefone e ouvir rádio”.O mundo ouvinte exerce uma pressão muito grande sobre essas crianças mesmo assim elas buscam entendê-lo. Brincar é uma das formas utilizadas por elas, ainda segundo Daniele, “as crianças surdas brincam da mesma forma que as ouvintes sendo a maneira de se comunicar a única diferença pois,as crianças surdas usam os sinais como palavra.”
Sobre o ensino de LIBRAS salienta “Esse aprendizado deve funcionar igual ao da fala para a criança ouvinte. Não a ensinamos a falar. No cotidiano, com a convivência com os pais, suas atividades são marcadas pela fala. Deve ser assim com a criança surda.”
O neurologista Oliver Sacks escreveu sobre isso num livro, descrevendo um lugar nos Estados Unidos, a ilha de Martha's Vineyard, no estado de Massachusetts, onde a maioria dos habitantes é surda. Ele diz que quando se chega lá você é o diferente, porque é o ouvinte e todos se comunicam por sinais. E o desenvolvimento das pessoas é igual ao de qualquer ouvinte. É isso que os pais de crianças surdas têm de entender, o quanto é importante aprenderem a língua dos sinais, como se fossem surdos também, para transmiti-la ao filho.
O Lúdico deve entrar como um recurso para a aprendizagem dos surdos, facilitando a atuação da criança surda na tarefa de construção de significados, sobre o aprendizado dos conteúdos. As brincadeiras instigam a criatividade do aluno, proporcionando que o mesmo faça descobertas.

Fonte:http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC464887-2337,00.html